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DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA - PARA
ONDE ESTAMOS CAMINHANDO por Giuseppe D’Ippolito
s exames de ressonância magnética (RM) fizeram o seu tempos muito mais curtos, sem impacto na eficácia, aumentando
ingresso na prática clínica entre o final dos anos 1970 e a produtividade e a eficiência, reduzindo custos e melhorando o
Oinício dos anos 1980, chegando ao nosso País em mea- conforto do paciente. Os protocolos denominados “abreviados” têm
dos da década de 1980 e se tornando uma ferramenta plenamen- demonstrado a sua utilidade em diversas áreas da investigação
te inserida no arsenal diagnóstico a partir dos últimos anos de diagnóstica, tais como na avaliação de nódulos mamários, da os-
1990. Desde então vimos uma expansão significativa do parque teomielite, da coledocolitíase, do abdome agudo e da neoplasia de
instalado, tendo alcançado mais de 1.600 equipamentos instala- próstata, entre muitas outras indicações. Evidentemente que para
dos (dos quais cerca de 40% atendendo o SUS) em praticamente a adoção desta estratégia é imperativo que seja feita uma cuidado-
todos os estados brasileiros (dos quais 25% atuando no estado de sa avaliação clínica do paciente para estreitar as hipóteses diag-
São Paulo), de acordo com o CNES (Cadastro Nacional de Estabe- nósticas, informando-as ao radiologista, que assim poderá dirigir
lecimentos de Saúde). Este crescimento foi decorrente de uma de maneira objetiva e específica a execução do exame.
série de fatores: o aumento das indicações do exame, um melhor O avanço das terapias alvo em oncologia tem sido outro
entendimento da sua capacidade diagnóstica, a evolução tecno- campo de atenção para a moderna atuação da ressonância mag-
lógica dos equipamentos e o seu barateamento, um ambiente nética, procurando atender uma demanda por biomarcadores
econômico favorável, entre outros. Em termos absolutos, são que permitam não somente identificar indicadores de resposta
realizados anualmente cerca de 7 milhões de exames de RM na precoce, mas também critérios prognósticos que possibilitem
saúde suplementar, com um crescimento médio anual ao redor antecipar expectativa de sobrevida livre de doença e risco de re-
de 6%, segundo relatório divulgado recentemente pela Abramed cidiva. Neste contexto, ferramentas avançadas de RM, como téc-
(Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica). nicas de difusão e perfusão, análise de textura, espectroscopia,
Atualmente temos identificado alguns aspectos deste método entre outras, fortalecem um grande campo de atuação deste mé-
diagnóstico que permitirão manter a sua utilidade e abrangência todo de diagnóstico, ampliando a sua utilidade e suas aplicações.
dentro de um contexto evolutivo da prática médica. Neste sentido, Finalmente, ainda no contexto dos avanços tecnológicos do
algumas tendências recentes têm despontado como vetores de método, a RM funcional tem se afirmado como um importante
crescimento desta modalidade diagnóstica e, entre elas, podemos apoio para o entendimento dos mecanismos de adaptação e
citar três aspectos: o foco no conforto do paciente, a maior rapidez plasticidade cerebral em resposta a danos relacionados a muitas
e agilidade na execução do exame e o uso de biomarcadores para condições neurológicas, ampliando a nossa capacidade de en-
monitorar a resposta a tratamentos oncológicos. tender o impacto funcional decorrente de diversas enfermida-
Exames de RM têm sido tradicionalmente considerados des- des, entre elas, as doenças degenerativas e neoplásicas e o pró-
confortáveis para os pacientes que se queixam principalmente de prio processo de envelhecimento estrutural cerebral.
uma certa sensação de claustrofobia e do barulho excessivo. Há Diante disso tudo, pode-se prever que a ressonância mag-
alguns anos surgiram máquinas de RM com um túnel mais largo nética estará cada vez mais inserida no contexto do manejo
(chamados de “wide bore”), aumentando de 55-60 cm para 70 cm diagnóstico, desfrutando de suas vantagens intrínsecas, como
o diâmetro de abertura do equipamento e tornado-se o padrão de a ausência de efeitos deletérios conhecidos sobre o organismo
referência adotado pela indústria, reduzindo a necessidade de (quando utilizada adotando-se os parâmetros de segurança),
sedação para a execução do exame e aumentando o conforto do aliadas à sua crescente agilidade, comodidade, eficiência e dis-
paciente. Paralelamente a esta solução estrutural, os fabricantes ponibilidade.
de equipamentos investiram em estratégias para redução do ruí-
do, e se não chegam a produzir máquinas silenciosas, percebeu-se
uma expressiva melhoria na experiência do paciente durante a GIUSEPPE D’IPPOLITO
é professor adjunto e Livre
aquisição das imagens, com queda do ruído emitido no interior do Docente da Escola Paulista de
túnel de 90 db para 70 db, mantendo-se a qualidade das imagens. Medicina da UNIFESP.
Outro aspecto que tem sido motivo de investimentos em pes- Coordenação: Dr. Jacques Elkis
quisa é a elaboração de protocolos de exame que respondam ques- Contato: jacqueselkis@uol.com.br
tões diagnósticas específicas, permitindo que sejam realizados em
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