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ARTIGO CIENTÍFICO  TERAPIA CELULAR





         Uma das desvantagens                             TABELA 1 Tratamento de cardiomiopatias com células

         dos mioblastos em                                derivadas de mioblasto esquelético
         relação aos outros tipos                                       AUTORES               DOENÇAS
         celulares utilizados em                                   AL ATTAR et al., 2003         IM
                                                                                                 IC
                                                                    SUZUKI et al., 2001
         cardiologia é que essas                                   BONAROS et al., 2006          IC
         células são diferentes                                   FARAHMAND et al., 2008         IM
         eletromecanicamente                                      FUKUSHIMA et al., 2008         IC
         dos cardiomiócitos                                          CAI et al., 2009            IM

         (MENASCHE et al., 2008)                                     HONG et al., 2015           IM
                                                                     MAZO et al., 2012           IM
                                                                    ARANA et al., 2014           IM
                                                                      YU et al., 2010            IM
          suem grande resistência à isquemia (REINECKE et al., 2002).
            Os mecanismos pelos quais os mioblastos atuam melho-  SCHENKE-LAYLAND et al., 2009   IM
          rando o desempenho miocárdico não estão totalmente eluci-  VALINA et al., 2007         IM
          dados.  Ainda  que, após sua  injeção  e adesão  aos  miócitos,   KIM et al., 2017     IM
          estas células apresentem propriedades contráteis, a pequena
                                                          IM: INFARTO DO MIOCÁRDIO; IC: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.
          quantidade de mioblastos que sobrevive após o transplante,
          associada à falta de conexões eletromecânicas com os car-
          diomiócitos do hospedeiro, torna improvável a ocorrência de   TABELA 2 Ensaios clínicos com células derivadas de
          uma contração sincronizada entre as células doadas e as do   mioblasto esquelético nas doenças cardiovasculares.
          hospedeiro (LEOBON et al., 2003).                          AUTORES                DOENÇAS
            Grupos de pesquisa avaliaram o desempenho dessas cé-  MENASCHE et al., 2003       IM
          lulas para o tratamento de cardiomiopatias isquêmicas e não
                                                                  SMITS et al., 2003          IM
          isquêmicas em vários modelos animais, conforme tabela 1.
                                                                HERREROS et al., 2003         IM
            Vários resultados pré-clínicos foram traduzidos em en-
          saios clínicos, conforme tabela 2, e esses estudos demons-  SIMINIAK et al., 2004   IM
          traram que os mioblastos esqueléticos são capazes de se di-  DIB et al., 2005       CI
          ferenciar  em  miotubos,  diminuir  a  fibrose  miocárdica,   GAVIRA et al., 2006   IM
          atenuar o remodelamento ventricular e melhorar o desempe-  INCE et al., 2004        IM
          nho miocárdico, além de melhorar a fração de ejeção do ven-
                                                                 SIMINIAK et al., 2005        IM
          trículo esquerdo (FEVE) e aumentar o movimento regional da
                                                                 BIAGINI et al., 2006         IC
          parede após o transplante de mioblastos esqueléticos.
            Estudos controlados randomizados, no entanto, não mos-  HAGEGE et al., 2006       IC
          traram efeitos benéficos consistentes, conforme tabela 3.   DOWELL et al., 2003     IC
            Uma  das desvantagens dos mioblastos em relação  aos   HE et al., 2005            IC
          outros tipos celulares utilizados em cardiologia é que essas   VAN DEN BOS et al., 2005  IM
          células são diferentes eletromecanicamente dos cardiomió-  MCCONNELL et al., 2005   IC
          citos (MENASCHE et al., 2008).
                                                                 LAROSE et al., 2010          IM
            Na arquitetura do miocárdio, os cardiomiócitos se encon-
                                                                 GAVIRA et al., 2010          IM
          tram interligados através de junções celulares denominadas
          discos intercalares. Essas  estruturas,  juntamente com  as   PAYNE et al., 2007    IM
          proteínas de adesão conexina-43 e N-caderina  são as res-  MURTUZA et al., 2004     IM
          ponsáveis pela ligação elétrica e mecânica dos cardiomióci-  GHOSTINE et al., 2002  IM
          tos (REINECKE et al., 2000).
                                                          CI: CARDIOMIOPATIA ISQUÊMICA; IM: INFARTO DO MIOCÁRDIO;
            Não se deve esperar, entretanto, que os mioblastos trans-  IC: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.

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