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ARTIGO CIENTÍFICO  TERAPIA CELULAR






 plantados sejam capazes de desenvolver os discos intercala-  o transplante celular não serão capazes de desenvolver jun-
 res com as células do hospedeiro, pois ainda que essas célu-  ções eletromecânicas com o miocárdio do hospedeiro. Isso
 las possuam  tal  capacidade, sofrem um  down-regulation   resulta em isolamento elétrico dos mioblastos transplanta-
 durante o processo de diferenciação (MENASCHE et al., 2008).   dos com consequente redução na velocidade de condução,
 Assim, os mioblastos maduros que são utilizados durante   favorecendo assim o fenômeno da reentrada e o surgimento
 de arritmias (REINECKE et al., 2000; VERHEULE et al., 1997).
 TABELA 3 Estudos randomizados com células derivadas   Alguns estudos, conforme tabela 4, detectaram uma alta
 de mioblasto esquelético.  incidência de arritmias ventriculares em pacientes tratados
 com células de mioblastos esqueléticos, que provavelmente
 AUTORES  DOENÇAS
 resultam da falta de acoplamento eletromecânico entre car-
 MENASCHE et al., 2008  CI
 diomiócitos residentes e miotubos derivados  de mioblasto
 DIB et al., 2009  CI  esquelético devido à ausência de junções comunicantes.
 DUCKERS et al., 2011  IC  Porém alguns estudos mostraram benefícios na propa-
 POVSIC et al., 2011  IC  gação do impulso elétrico e redução do potencial arritmo-
 gênico (SUZUKI et al., 2001) e outros demonstraram que tal
 BRICKWEDEL et al., 2014  CI
 evento está relacionado primariamente ao infarto, não ha-
 CI: CARDIOMIOPATIA ISQUÊMICA; IC: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.
 vendo acentuação após a injeção das células (FERNANDES
 et al., 2006).
 TABELA 4 Estudos com pacientes tratados com células de   Devido ao efeito terapêutico inconsistente e o risco de ar-
 mioblastos esqueléticos e o potencial arritmogênico.
 ritmias,  o  tratamento  para  doenças  cardíacas  utilizando
 AUTORES  DOENÇAS  mioblastos esqueléticos diminuiu.

 FUKUSHIMA et al., 2008  IC
 CONCLUSÃO
 VERHEULE et al., 1997  ----
 Após o  exposto, com  análise  minuciosa  dos principais
 MENASCHE et al., 2003  IM  estudos avaliando o uso dos mioblastos, fica fácil entender os
 SMITS et al., 2003  IM  motivos pelos quais esta célula tem sido gradualmente aban-
 SIMINIAK et al., 2004  IM  donada na cardiologia. Certamente os resultados desanima-
 DIB et al., 2005  CI  dores quanto à segurança de seu uso foram determinantes
 para essa situação. Além disso, o fato de os mioblastos não
 INCE et al., 2004  IM
 apresentarem capacidade de diferenciação em cardiomióci-
 HAGEGE et al., 2006  IC
 tos compromete consideravelmente seus benefícios sobre a
 VELTMAN et al., 2008  CI
 função ventricular. Por isso, os resultados mais promissores
 REINECKE et al., 2002  IM  dos estudos já realizados foram discretos quando compara-
 LEOBON et al., 2003  CI  dos àqueles obtidos com outros tipos celulares.
 ABRAHAM et al., 2005  IC
 Contato:
 CI: CARDIOMIOPATIA ISQUÊMICA; IM: INFARTO DO MIOCÁRDIO;
 IC: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.  Dra. Vanessa Capuano • vanessacapuano@uol.com.br


 REFERÊNCIAS

 1.   ABRAHAM, M. R. et al. Antiarrhythmic   4.  BIAGINI, E et al. Stress and tissue Doppler   6.   BRICKWEDEL, J.; GULBINS, H.;
 engineering of skeletal myoblasts for cardiac   echocardiographic evidence of effectiveness   REICHENSPURNER, H. Long-term follow-up after
 transplantation. Circ Res, 2005;97:159–167.  of myoblast transplantation in patients with   autologous skeletal myoblast transplantation
 ischaemic heart failure. Eur J Heart Fail,   in ischaemic heart disease. Interact Cardiovasc
 2.  AL ATTAR, N. et al. Long-term (1 year) functional   2006;8:641–648.  Thorac Surg 2014;18:61–66.
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